terça-feira, 26 de outubro de 2010

Hesito em escrever...

Hesito em escrever incertezas. Por elas mesmas, por serem incertezas, e por elas hesito. Na certeza dum sorriso ou de uma lágrima que se verte em vez da bruma que aí vem. Uma bruma suja, vulgar e mesmo ela hesitante entre futuro e passado, na também incerteza do tempo. Adormeci com a sensação que tínhamos mudado o mundo, e que nos sonhos mais profundos existia o infinito. Pode ser um falso infinito, mas que acontece, quando a sorte bafeja os meus sonhos. Neles confio, porque nos meus olhos já não quero confiar. O acordar duma surdez necessária, duma mente dormente, dum toque saudoso, da verdadeira vida. Fugaz como um nevoeiro matinal, à espera do sol que nele se esconde. Ali fico no ponto da incerteza, porque não avisto um sol, mas sim uma bruma mais intensa. E essa bruma, sim, parece eterna. Para onde irá o meu sol? O sol que me acordou e me deu vida, que me deu a luz que me fez crescer e o calor que me protege do frio. Mas eu não gosto nada do frio, que chatice. Também não gosto de acordar, mas essa será outra conversa. Abdicaria de mil acordares de chuva, para mais um do meu sol. Prometeria às trevas mais profundas o meu deleito, por mais um acordar do meu sol radiante. Nas promessas de vulgar pecador me afundo, sem apostar a minha própria sorte e assim me afogo. A dormência gradual do meu todo, do meu eu, do nosso eu, não sabe parar. Encomendei clemência (por todos os meios, mesmo pela internet), mas não estava disponível para nós nada mais do que paciência. Que venha ela também, ao preço e ao tempo que (A)alguém determina. Já vai longo o meu ditado de minhas penas pesadas, que não deixam voar nem a mais leve das aves. E nesse caminho, caminhamos, quem sabe um dia voltaremos a voar… mas lá está, hesito escrever incertezas…

7 comentários:

  1. Ó meu querido irmão poeta...
    O teu sol também é o meu sol e as tuas angústias as minhas, por isso consigo perceber cada frase, cada palavra.
    Está lindo. Ainda bem que escreveste as tuas incertezas, porque quando se escreve como tu é obrigatório partilhar para que os outros possam usufruir das tuas palavras.
    Adoro-te!

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  2. Querido JB,
    De João para João:
    Não hesites.
    Porque essa bruma suja de que falas, pegajosa acrescentaria eu, no fundo está só dentro de nós próprios e só a cada um de nós cabe soprá-la para bem longe. Antes que nos esmague e por muito atraente e aleviante que esse esmagamento possa parecer. É o Sol de cada um que assim o reclama..
    E depois, nós gostamos muito de ter ler. De certeza.

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  3. João e João
    Muito,muito obrigado pelas vossa palavras.Não consigo dizer mais nada.
    Geninha

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  4. Grande Jonh
    Estás melhor que o Saramago.
    Grande Xi-coração
    Pai

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  5. mai'nada
    ESTUPENDO,MEU QUERIDO SOBRINH

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