quarta-feira, 29 de abril de 2009

vem aí chuva

...e é que vem mesmo; e de repente lembrei-me (esta merda da memória agora parece que só pega de empurrão...)
sempre tive uma enorme atracção por facas (e canetas--objectos de ponta,tenho aos montes);e consequentemente por amoladores;quando era pequeno ,no bairro onde morava,era frequente passarem, com a flauta de pâ asobiando escala acima e depois para baixo,em escapadela por fim.e ia vê-los afiar as facas que as pessoas traziam à rua quando ouviam o pregão.
com o pedal faziam girar o rebolo,e saltavam fagulhas do gume; pedíamos para pôr a mão a apanhá-las,a mostrar valentia.andavam devagar e conseguíamos acompahá-los-- meninos,só até ao fundo da rua! gritávam-nos.
noutro dia ouvi de novo o "amladoooor !" e corri a casa buscar uma faca,chamando-o para afiá-la.conversámos um pouco,e sentindo as pingas disse:isto é que é chamar a chuva!
o senhor acredita nisso?...são três euros.
fui para casa um bocado triste.mas de facto ,por três euros,gume afiado...
e chuva?

2 comentários:

  1. No outro dia a Constança também saiu à rua para amolar uma tesoura.
    É engraçado, pela nossa zona ainda passam bastantes amoladores (ou é sempre o mesmo que passa várias vezes, vá-se lá saber...)

    Tiago

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  2. Fantástico. Que saudades dos amoladores e dos pregões.
    Curiosamente, no caos que á a magalópole de Xangai, ainda vim encontrar nalguns lugares o uso do pregão, para assinalar a passagem dos fazem-tudo ou dos vendem-tudo. Só que, muito ao jeito da paixão que estes indígenas desenvolveram pelas baratas tecnologias modernas, o pregão é debitdo, em gravação, por pequenas mas sonoras colunas ambulantes....

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